Sempre será aquela eterna Iracema das noites e dos dias em busca de um bordado bem feito e muito bem por ela organizado, por Antônio de Nóca riscado, e por suas mãos desenhados em bordados e muitas vezes até parecido pinturas.
Falar de mamãe é navegar no túnel do tempo e lembrar das suas lendárias toalhinhas do Natal, que a fez ser a maior artesã nesta arte do colorir obtendo o pleno reconhecimento regional, por ter sido a pioneira na arte de tornar as toalhinhas como peça fundamental dos enfeites natalinos no Seridó.
É falando de mamãe que faço lembrar de Maria de Juca, Lourdes de Balto, Quininha de Natálio, Chicola de Alceu, Mariêta de Déca, Mariquinha, Severina Torres,Salmira,Carminha e tantas outras figuras que diuturnamente a procurava para bordar este ou aquele bordado.
Tentar descrever mamãe é difícil,agora falar bem dela eu sei. quantas jovens passaram ou lhe pediram ensinamentos desse ou daquele colorido bordado,centenas!
Aqui em casa ela mesma colocou nas décadas de 70, 80 e início de 90, inúmeras máquinas para ensinar a custo zero e fez de toda uma geração de mulheres bordadeiras uma verdadeira obra de caridade como dizia ela própria.
Formou centenas de alunas artesãs e fez de toda elas professoras não só de outrora mais sim do agora.
Digo sempre:
Timbaúba sempre será a Capital dos Bordados 🪡 e minha mãe será sempre aquela velha professora do matame, do crivo, do cheio, entender as tonalidades de cores, do rechelier ou do bordado no tom sobre tom...
Foi pelas mãos dela que as Timbaubenses aprenderam a bordar o colorido raiz do bordado, um legado da arte do bordar e do colorir em peças finas que só Deus, ela e suas alunas sabiam muito bem fazer.
Mamãe faleceu em 1999, ainda jovem porém imortalizada popularmente pela sua terra como Iracema ou a Galega Bordadeira de Timbaúba. Hoje em sua memória és patrona da Casa das Bordadeiras do lugar onde amor e foi querida por todos pelos inestimáveis serviços prestados a arte do bordar.
- Arysson Soares da Silva